Desde miúda que sou apaixonada pela água.

Era bem novinha e adorava nadar na piscina da minha avó, na Ericeira, local onde passava todas as minhas férias. Na praia era a mesma coisa, gostava sempre de nadar para bem longe e onde houvesse surfistas ou bodyboarders eu ia ter com eles.

Com 10 anos os meus pais decidiram inscrever-me na natação, pois perceberam que a água seria o meu habitat.

Aos 16 anos a minha família mudou-se de Oeiras para a Parede e tive de abandonar a piscina onde costumava nadar. Com o descontentamento de nunca ter competido na natação e o fato de ter mudado de casa, procurei outro desporto que estivesse ligado à água e de preferência na natureza.

Havia já na família um bodyboarder que me despertou a atenção para esse desporto, mas como era rapariga e ainda miúda, achava que não era desporto para mim. Num dia de férias na Ericeira, decidi pedir emprestada uma prancha. E foi aí que tudo começou…

 

A sensação de descer a minha primeira onda foi qualquer coisa de inacreditável. Tanto que o meu único pensamento foi… “Sem dúvida que vou fazer este desporto para sempre”.

Nesse mesmo Inverno decidi comprar todo o material. Triste foi quando me dirigi a uma surfshop em Carcavelos e me disseram aos 17 anos para crescer mais uns aninhos porque não havia um fato à minha medida.
A prancha Wave Rebel, tamanho 40 polegadas, e pés de pato Redley XS era o que havia no mercado. Para terem uma noção, eu hoje em dia uso uma prancha com menos 5 polegadas.
Mas não foi a lacuna do material técnico que me fez deixar de sonhar em ser uma bodyboarder.

Com 19 anos decidi ir estudar Educação Física, não ainda com a ideia de ser professora, mas de aprender a ser uma atleta.
Desde aí começou a minha vida como bodyboarder e, 18 anos depois, ainda estou a fazer o que mais gosto na vida. Além de estar a competir também estou envolvida em imensos projetos ligados a esta modalidade.

 

Como comecei a competir…

Logo no ano seguinte a ter comprado todo o material comecei a competir a nível nacional, no Circuito Open e no Esperanças. Estávamos em 1995 e tinha eu 18 anos.
A experiência foi ótima, mas em quase todos os campeonatos perdia de primeira.
No entanto no final do ano, como não entrei na universidade, acabei por ter mais tempo para me dedicar ao bodyboard e acabei por passar um ano inteiro na praia a treinar e evoluir bastante.
A minha primeira vitória foi no regional de Carcavelos, ainda em 1995.

Como comecei a correr o circuito Mundial …

Em 1997 participei na minha 1ª prova do Circuito Mundial, em Sintra. Em 1998 fiz a minha 1ª viagem para bem longe de casa, e fui competir na mais mítica das etapas do Circuito Mundial, em Pipeline, no Hawaii.
No ano 2000 corri pela 1ª vez o Circuito Mundial na íntegra e consegui terminar em 16º lugar que considero excelente.
A partir desse ano e até 2005, devido à falta de apoios e por estar a terminar a universidade, não pude fazer o Circuito Mundial por completo, no entanto participava sempre nas provas de Sintra e Hawaii.
Em 2005 voltei ao Circuito e desde então ainda não consegui sair… A minha 1ª grande vitória a nível Mundial foi em casa (surfo na Praia Grande há mais de 13 anos) em 2009. Vitória que me valeu a realização de um sonho que tinha, desde que comecei a fazer bodyboard.

Como comecei a dar aulas de Bodyboard…

As aulas de Bodyboard surgiram como uma extensão lógica dos eventos Boogie Chicks.
Em 2004 decidi organizar o 1º Evento Boogie Chicks (um fim de semana de iniciação e aperfeiçoamento de Bodyboard exclusivamente para raparigas) e desde logo achei que faltava qualquer coisa às miúdas, visto o evento ser apenas 2 dias num ano. Já tinha acabado o curso de Educação Física e decidi que estava na altura de trabalhar no que gostava.
Em Maio de 2005 inaugurei a 1ª Escola de Bodyboard só para meninas e ainda hoje continuo a transmitir o encanto que o Bodyboard nos pode proporcionar.

Catarina Sousa
Catarina Sousa